terça-feira, 19 de abril de 2011

Tancredo Lobo: “O comunismo contribui para minha existência”

Poeta, cronista, facilitador de Biodança e autor de livros sobre Educação, o professor Tancredo Lobo fala da sua trajetória e sobre as influências de suas vivências na formação humana e política. Na entrevista, o professor destaca que o Partido Comunista contribuiu para a sua existência.

"A literatura não fica isenta às influências políticas", afirma o professor.

Leia a seguir a entrevista concedida ao Blog das Entrevistas:

Quem é Tancredo Lobo?
Eu sou um sonhador. Trabalho na Universidade Regional do Cariri (URCA). Sou professor. Também trabalho como facilitador de Biodança, tenho um grupo no campus Itaperi, da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Nasci no Crato, passei parte da infância no sítio Lagoa de Dentro, em Farias Brito. Hoje, moro entre Crato e Fortaleza. Sou um cara batalhador que luta para negar o destino de grandes dificuldades das minhas famílias.

Quando teve início seu trabalho literário?
O primeiro poema que escrevi foi aos 11 anos, quando cursava a 5ª série, e participei de um festival na escola. Ganhei o primeiro lugar e ganhei um dicionário da Fenama.

Quais as suas influências?
A vivência na roça; meus familiares, especialmente minha tia Beatriz; alguns dos meus professores; a participação no movimento social (cultural, estudantil, partido político PCdoB); a cultura popular; a música popular brasileira; a literatura brasileira; mais recentemente, a Educação Biocêntrica. Então, são influências diversas que vão acontecendo ao longo da vida.

Na década de noventa do século passado foi lançado o livro Em Obras de sua autoria. Você continua escrevendo contos e poesias?
Continuo a escrever, porém bem menos porque, pelo menos nos últimos quatro anos estive a preparar uma tese de doutorado. Agora vou juntar uns textos (poemas e crônicas) para publicar, enquanto isso, começo o trabalho de escritura de um romance sobre amor e ódio.

O que representa a literatura na sua vida?
Para mim, a literatura é uma importante forma de expressão. Além disso, um campo de diálogo de ideias e ideologias. A literatura não fica isenta aos determinismos econômicos, políticos, sociais, culturais, psicológicos, pessoais e comunitários.

Como você compreende a relação da literatura e da política?
Por tudo que falei, essa relação é estreita. A literatura, embora muitos tentem, como qualquer atividade humana, não fica isenta às influências políticas. A literatura é uma sofisticada e sutil forma de fazer política, aqui entendida como forma de conscientização e educação.

Por muitos você militou ativamente no Partido Comunista do Brasil. Essa militância contribuiu na sua produção literária?
Contribuiu com a minha existência. Pela vivência no Partido e a convivência com inúmeras pessoas muito importantes para mim, eu pude enxergar com mais nitidez a minha própria trajetória e as forças que se debatem no mundo. É claro que isso está presente em tudo que faço: uma aula, uma palestra, uma tese, um poema.

Da década de oitenta do até os dias atuais, você percebe alguma diferença na sua produção literária?
Sim. Além de maturidade, acho que agregou mais qualidade. Mas as pessoas é que podem dizer melhor a partir das suas leituras. Na qualidade de produtor, acho caminho para mais qualidade em tudo que faço.

Você desenvolve um trabalho de Biodança. Fale deste trabalho.
Biodança é um sistema de desenvolvimento humano. Não é uma psicologia, uma terapia, embora tenha grandes efeitos terapêuticos. Funciona em grupo e se apoia na música, movimento e vivência emocionada. Fiz formação de facilitador de Biodança pela Escola de Biodança do Ceará e facilito um grupo há três anos, o qual funciona toda quinta-feira, à noite, no campus Itaperi, da UECE, em Fortaleza. Sou muito comprometido com esse trabalho porque vejo o comprometimento das pessoas do grupo e acompanho o seu desenvolvimento e as mudanças que vão empreendendo nas suas vidas.

Quais os seus próximos trabalhos?
Estou escrevendo uma monografia sobre Cultura Biocêntrica, que deverei publicar em livro. Continuo escrevendo meus poemas, que também pretendo reunir em livro. E aquele empreendimento da escrita do romance, este um grande trabalho.

Fonte: Blog das Entrevistas

Um comentário:

Joilson Kariri Rodrigues disse...

Parabéns ao meu amigo Tancredo. Ainda tenho até hoje um exemplar de Rasgos D'alma.
Abraços