Alunos comentem duplo homicídio
Sexta feira. Dezessete horas e quarenta e cinto minutos, do dia vinte e cinco do mês de novembro de dois mil e onze. Um dia comum, para eu que chegava do trabalho e para muitos, menos para os estudantes da Escola Osvaldo de Oliveira Lima que estudam no horário da tarde.
Ao passar em frente à escola percebi algo estranho e seria impossível não perceber, até um cego perceberia porque provavelmente tapeçaria na multidão de mutilados pelo chão. Uma mulher com dois sacos cheios, e reclamando de tantos pedacinhos dos mutilados espalhados pela rua.
Perguntei o que estava acontecendo e a resposta, me deixou, triste, revoltado, indignado para melhor falar.
Naquela hora vi dois crimes absurdos sendo cometido ao mesmo tempo. Os responsáveis pelo crime solto e os irresponsáveis também.
O primeiro grande crime cometido. Crime contra a natureza, em uma época em que todos dizem se preocupar com o meio ambiente, reciclagem, sustentabilidade a gente ver pessoas nadando contra a corredeira, remando contra a maré.
Segundo crime, tão grave quanto o primeiro. Conhecimentos em pedacinhos. A língua mãe desrespeita, a geografia em alto relevo mostrava a história pelos ralos e esgotos, a matemática somava os crimes, subtraia o tempo de vida e dividia a culpa por dois. Livros rasgados. Isto mesmo, livros rasgados, vou repeti para os que acharam engraçado ou para quem não entendeu ainda o tamanho do crime, livros rasgados. Mas voltando à resposta da mulher:
- Hoje era o ultimo dia de aula destes imundos, e saem fazendo isso. Não sei que tipo de educação receberam em casa ou na escola para no ultimo dia de aula, sair rasgando seus livros e cadernos e espalharem pelas ruas. Você acha uma coisa desta!
Dentro de mim a pergunta que não quer calar: Quem é o irresponsável por tudo isso, digo irresponsável sim senhor, pois não vejo responsabilidade nenhuma nisso.
Pensamos juntos, se os livros foram distribuídos gratuitamente, e não serão utilizados novamente, deveriam ser recolhidos de volta para que o governo mandasse para incinerar ou reciclar, isso não é feito, então o governo é culpado. A escola por sua vez não faz nada também. Ela poderia não esperar apenas pelos órgãos responsáveis, e logo no inicio do ano já preparar uma campanha para recolher este material, um ponto de coleta para os livros.
Para eu, livros são como filhos abandonados enquanto muitos desprezam outros estão desesperados por um.
Por outro lado, os pais será que perguntam aos seus filhos o que fizeram com os livros e cadernos? Certamente que não, nem mesmo aqueles que estão tirando os papéis de sua calçada.
Então aqui vai minha resposta a esta vergonha, este crimes contra a natureza, e contra o verdadeiro conhecimento, os livros.
Quem rasga um livro, não rasga apenas papéis cheios de letras, números e figuras. Mas rasga parte da história, tira de quem não pode comprá-lo o direito de se tornar mais sábio, mais culto, mais humano.
Quem rasga um livro, apaga o passado, deixa a história incompleta no presente, e muito provavelmente torna para os outros e si mesmo o futuro muito longe do que ele próprio deseja.
Francis Gomes