terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

REMINISCÊNCIAS DA SEDIÇÃO DE JUAZEIRO DO NORTE RELATADAS POR UM FARIASBRITENSE

No texto, você vai encontrar relatos de 1914 a 1926, nome de pessoas do antigo Quixará e uma revisão histórica desse período. São 15 páginas que tiveram a colaboração de Raimundo Laurismundo Veloso e baseou-se nas memórias de Antonio Ferreira Lima, morador da rua Antonio Ferreira Lima, no. 04, Farias Brito, CE, falecido em 2010. 
Por: Antonio Anicete de Lima 

Introdução

A sedição de Juazeiro foi um levante popular capitaneado pelo Padre Cicero e o Deputado Floro Bartolomeu, culminado com a destituição do governador do Ceará, Franco Rabelo em 1914. Essa história ficou registrada na memória dos nossos antepassados do antigo Quixará e São Mateus e alguns desses fatos foram transmitidas por Aniceto aos seus descendentes de forma oral, reiteradas vezes nas noites enluaradas do sertão, sentado num banquinho de cumaru no alpendre de sua residência em Vacaria, atualmente distrito de Ibicatu, Várzea Alegre. 
Os registros históricos da época relatam os embates políticas travados na Primeira República pela manutenção da hegemonia de poder da Oligarquia Accioly, naquela época ameaçada pelo surgimento de uma oposição até então considerada frágil, mas que com o apoio do governo federal Hermes da Fonseca, conseguiu eleger o coronel Marcos Franco Rabelo como governador do Ceará em 14 de julho de 1912. 
Ao chegar ao poder Franco Rabelo subestimou a força da Oligarquia Accioly, atraindo a fúria dos coronéis aliados a antiga oligarquia dominante e ao messianismo religioso católico, liderado pelo Padre Cícero Romão Batista, fundador da cidade de Juazeiro do Norte. 
Mas a gota d’água para o início da chamada Sedição de Juazeiro foi quando o governador do Ceará no seu intento de destruí o ‘bandistismo’ enviou uma tropa de soldados para o vale do Cariri onde dominava a Oligarquia Accioly e que contava com a lealdade do Padre Cícero. “Cerca de 200 homens da polícia estadual efetuaram várias prisões de jagunços que estavam ligados à coronéis da oposição e que haviam prometido lealdade à família Acióli. 
O coronel no poder ainda destituiu políticos de confiança de Padre Cícero, que atuavam em cargos públicos, e demitiu o sacerdote de seu posto de intendente na cidade de Juazeiro. Esse fato ultrapassou todos os limites da oligarquia dominante culminando na represália comandada por Floro Bartolomeu que planejou com Nogueira Accioly a queda de Franco Rabelo” (Camurça, 1994). 
Em 15 de dezembro de 1913, uma assembleia dissidente, no Ceará, declarou o governo de Franco Rabelo como ilegal, nomeando, prontamente, um governo provisório com Floro Bartolomeu como presidente. Mas, três dias mais tarde (em 18 de dezembro), Rabelo enviou tropas estaduais para uma invasão à cidade do Crato e, em seguida, a Juazeiro, sob comando de Alípio Lopes para dar fim à sedição (FGV, 2018).