Santana amanheceu fria. Uma leve neblina tomara conta da cidade. A serra estava branca de névoa. Corria na cidade o boato de que neste dia chegaria o governador do ceará.
Ninguém nunca vira um governador. Como seria? Um homem fardado com um chapéu e uma espada? E o que viria fazer?
Logo as ruas se enfeitaram com bandeirolas. Os pífaros desfilavam nas ruas com suas músicas típicas e a banda de música executava os dobrados e músicas de época ,onde se destacavam as músicas de Chiquinha Gonzaga.
Uma comitiva, representando as lideranças santanenses foi esperá-lo na serra do Buriti.
O governador era um homem comum, o primeiro a pisar no solo santanense, João Tomé de Sabóia e Silva que governou o estado de 1916 a 1920.
A representação encontrou o governador montado numa burra preta, do prefeito de Missão Velha; animal que se destacava pelo andar macio e pela sua resistência nas grandes cavalgadas.
Na comitiva do governador se encontrava o jornalista Leonardo Mota. Quando desceram parte da serra apearam dos animais; e se deslumbraram diante da beleza da serra. Depois de uns vinte minutos, continuaram descendo até Santana do Cariri. Ao chegarem hospedaram-se na casa que foi de Raimunda Linard, depois residência de Manoel Aquino de Lacerda; e que até bem pouco tempo pertencia a Luís Gomes Linard. O mesmo teve o mérito de conservá-la com as mesmas características daquela época. Hoje pertence aos seus descendentes e se localiza na rua: Dr. José Augusto com lateral na rua: Luís Furtado de Lacerda; em frente ao Museu Paleontológico.
A cidade era uma festa. Vinha gente de todos os distritos.Pela manhã o governador andou pelas ruas , apreciou o gosto da mangaba, do tijolo de buriti; sempre acompanhado de uma grande comitiva.
O Coronel Filinto da Cruz Neves ofereceu um banquete regado a vinho, segundo Raimundo Tavares Campos discursaram: Aprígio Cruz, que depois foi prefeito de Santana, Antonio Correia Lima, Luís Furtado de Lacerda, Antonio Teixeira, tabelião e parente do padre José Galdino Teixeira, assassinado em 30 de maio de 1844. Depois, houve o agradecimento de Leonardo Mota e do Governador, que emocionado disse: "levarei para sempre a beleza desta terra e o acolhimento desta gente hospitaleira"; e assim, depois de dois dias de festa o povo se despede de um governador que quebrou todo o protocolo e conviveu como um mortal comum.
O comentário durou dias e o arrependimento daqueles que não foram ver um fato inédito: um governador em Santana do Cariri.
Iari Gomes Lacerda
Odontólogo
Fotografia: Yuri Lacerda
Odontólogo
Fotografia: Yuri Lacerda
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