Narro aqui o encontro
“creio que sou o primeiro”
De dois e heróis de verdade
Desse solo brasileiro
O letrado professor
E o destemido vaqueiro
Vaqueiro:
Professor a sua vida
Eu sei que tem importância
Pois se eu zelo do gado
Você zela da infância
Eu luto contra boi brabo
Você com a ignorância
Professor:
Amigo, das vaquejadas.
o sertão todo te ama
Corre pelo tabuleiro
Campeia o boi na rama
se perguntam por herói
teu nome logo se chama.
Vaqueiro:
Realmente professor
Minha lida trás lembranças
Sou que cuido dos bezerros
Você cuida das crianças
Minhas ações não são duras
Nem as suas são tão mansas
Professor:
Sei que arrisca sua vida
Pra ganhar o seu dinheiro
Que é mal remunerado
Pelo patrão fazendeiro
Mas mesmo ganhando pouco
Desbrava o sertão inteiro
Vaqueiro:
Realmente meu trabalho
É bem mais que sofredor
Mas sei que a injustiça
Também se aplica ao senhor
E o governo impreciso
Paga, mau ao professor.
Professor:
Seu expediente certo
É desde a madrugada
Seu ponto o raiar do dia
O aboio sua chamada
A sala que dá lição
É tabuleiro e chapada.
Vaqueiro:
Amigo em sua função
Todo momento é horário
Sei que cuida noite e dia
Do seu grande itinerário
Trabalha pontualmente
Com frequência e com diário
Professor:
Você laça o progresso
Dessa nossa região
Seu livro é seu chicote
Sua farda é seu gibão
O tempo que tem na lida
É sua graduação
Vaqueiro:
Certo que o meu saber
Vem da experiência
Mas o saber do senhor
Livra o pobre da carência
Pois a boa educação
É a melhor assistência
Professor:
Mas o amigo é sábio
Em sua simplicidade
Tem sim conhecimentos
De grande variedade
Preste também o serviço
De educar de verdade
Vaqueiro:
Porem eu não me comparo.
A sua nobre função
Sou um simples matuto
Cuido só da criação
Já o senhor se encarrega
De educar a nação
Professor:
Nenhum dos dois é mais nobre
Não faça comparação
Cada um é importante
Tendo sim dedicação
Todos, somos necessários.
Sem nenhuma distinção
Vaqueiro:
Com essa sua resposta
Aprovo o que você diz
Trabalhar no que se gosta
Deixa o homem mais feliz
Seja limpando uma rua
ou até sendo juiz
Professor:
Lutamos para fazer
Disso uma realidade
Que todos tenham direito
Sem haver desigualdade
De trabalhar e viver
Todos em pé de igualdade.
Vaqueiro:
Isso é meio difícil
Pois digo sem estar errado
Esses governantes mesquinhos
Tratam o povo feito gado
Tangendo na data certa
As rezes para o cercado
Professor:
Por isso a educação
É um bem sem tamanho
Sendo ela perigosa
Pra esse tipo de ganho
Com ela nós desgarramos
As rezes desse rebanho.
E foi assim que se deu
A discussão desses dois
Cada qual com seu rebanho
Um de gente outro de bois
O final dessa história
Deixo pra contar depois.
(Antonio Wilton da Silva)
4 comentários:
Parabens meu amigo poeta, por mais este belo poema. são realmente dois heróis desbravando os sertões nordestino, cada um do seu jeito.
www.poetafrancisgomes.blogspot.com
Francis Gomes
obg pelo elogio amigo, e quero desculpar-me por não poder ter ido prestigiar o lançamento de seu livro aqui em Farias Brito,(ossos do oficio) mas no futuro quem sabe, li o seu trabalho e gostei muito, espero um dia ter oportunidade de divulgar minhas produções, mas por hora apenas tento.
abraço de seu conterrâneo Wilton silva
Eu entendo, mas faz parte da vida pode ter certeza que você vai conseguir também foi uma luta para mim, mas consegui estou pensando em publicar o sengudo, mas falta verba e sobre poesias rsss.
não sei se tem visitado meu blog, fiquei em segundo lugar no primeiro festival de cordel em sp. e participarei de mais uma coletânea que será lançado em novembro, mas estarei postando tudo no blog. será um livro de conto. abraço
boa sorte
Parabéns Wilton!
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