domingo, 4 de abril de 2010

Farias Brito do meu Tempo... Saudades...

Waldemar Carlos e Ni

Dizem que quando a gente começa a falar em "meu tempo" é sinal que estamos ficando velhos, afinal de contas, todo tempo é tempo de se aproveitar a vida. Mas certas coisas passam pela vida da gente e deixa muitas saudades. Estava lendo o Blog de Farias Brito nessa madrugada e vendo a foto de Eulina, na postagem do Elmano, começaram a vir à minha memória coisas que eu quase havia esquecido, de um tempo feliz que alcancei no nosso querido Quixará, que todos conhecemos por Farias Brito. E como não poderia deixar de ser, quero aqui compartilhar essas lembranças com muitos amigos, que certamente se lembrarão de alguns dos nomes na lista abaixo.

Nasci na maternidade do Crato, como muitos FariasBritenses na década de 60. Sou de 1966. Lembro-me dentre outras coisas, ainda da chegada do homem à Lua, uma de minhas primeiras lembranças, e graças a Deus, vi a televisão surgir em Farias Brito, com a TV Ceará Canal 2, Rede TUPI de Televisão, que era movida a Óleo Diesel, lá em cima serra do Quincuncá, porque não havia energia elétrica lá ainda. Quem não se lembra daqueles incríveis capítulos de "A Barba Azul" ? Ou das séries "Perdidos no Espaço", "Viagem ao Fundo do Mar", Túnel do tempo" , Roy Roggers à tarde, Hospitalouco, Café sem Conserto, programa J. Silvestri, Flávio Cavalcante, o REI DA TELEVISÃO... ÊÊÊ minha gente...Alcancei isso tudo, nos anos 70 ainda. Cresci estudando no Colégio Municipal, com Dalvirene e Dagnólia, minhas primeiras professoras, do Jardim de infância, filhas do saudoso BIÉ.

Depois no Colégio Estadual, olhando ali para o lado, do Ginásio Enoch Rodrigues, lembro-me de muita gente, dos meus colegas e da professora Francineide e da Dona Gracildes. Nesse tempo, o Padré José Wilton Leite era o vigário da Igreja Matriz, onde com aquele serviço de som, eu ouvia já naquele tempo, Johhann Sebastian Bach, Beethoven e tantas coisas interessantes, que eu só vim descobrir o significado mais tarde para a minha vida. Em compensação, Dormi muito ao som da voz maviosa e grave do Heládio, irmão do Robledo ( locutor ), que falava na Amplificadora, na praça principal, para onde iam dezenas ou centenas de pessoas no Domingo.

E a política ? Quem não acompanhou aquela disputa acirrada de Bié ( Grabriel Bezerra de Morais ) e Aurélio Liberalino de Menezes ? Oh tempo bom!

Tão bom quando eu acordava nessa época do ano, de chuvas e olhava pra serra do Quincuncá, e via aquela névoa nas primeiras horas do dia...e o cheiro de cuscuz e baião-de-dois que a gente ia deixar aos trabalhadores das roças, passando pelas vazantes, atravessando a "Boca do Corredor". Cheiro Bom de terra molhada. Minha terra! Terra em que fui gerado. E aqui saúdo o meu Pai, Damião Pereira de Sousa ( foto ), que fez tantos amigos em Farias Brito, que são incontáveis. E a minha Mãe, Haydeé Leite Sousa, que trabalhou por longos 30 anos na Prefeitura de Farias Brito, vindo sair apenas há 2 anos. Meu pai, faleceu, mas graças a Deus minha mãe está vivinha.

Um abração aonde estiver, aos nossos amigos: Bié, João Matias, Zé Matias, Aarão Pereira e Silva, Seu Zequinha da Padaria, Bilão, Duclier, Cazuza da Sapataria, Antonio Sales do Jeep, Carmosina e os filhos, que foram meus colegas, pretinho, branquinho, Sr. Antonio Leandro ( que nos vendeu o segundo aparelho de TV da cidade ( o primeiro foi o dele ), em 1970 ) e os filhos, todos os meus parentes que moram em Farias Brito, e em especial, a família do Leopoldo Piquiá, no alto do seminário, ao Ézio, Francisco, Fátima, amigos do Alto do Cruzeiro onde morávamos. Um abraço especial para o Joilson Kariri, meu primo, e ao Waldemar Carlos e Ni, que eu saúdo em foto desse artigo.

A todos, o meu mais caloroso Abraço, e uma FELIZ PÁSCOA!

Dihelson Mendonça
Administrador do Blog do Crato, Músico, Pianista, Fotógrafo, além de outras coisas.
www.blogdocrato.com

5 comentários:

elmano rodrigues pinheiro disse...

Dihelson
Que maravilha que temos passado, e temos a felicidade de poder olhar para trás com saudades.
No meio das molecagens que faço até hoje no dia-a-dia, as pessoas ficam me olhando e dizem: Tú não vais crescer não? Pareces criança!
Isso me dá uma felicidade imensa, pois relembro as traquinagens da infância, e com com aquele espírito de Pião Doido, vou saltitando com o pensamento entre coisas, causos, e pessoas, eternizando cada momento de felicidade plena.
às vezes estou rindo sozinho, e a Mena me pergunta: Qual a sacanagem que estás aprontando?
Dihelson, a vida é ter a coragem de resgatar nossa memória, rir e chorar, e ter a certeza que estamos vencendo essa luta, que é apenas um capítulo bom num estágio maravilhoso, que nossos pais tiveram no prazer, e com tinta branca, escrever com felicidade uma bela página para a vida.

Dihelson Mendonça disse...

Pois é, Elamno. Concordo perfeitamente.

Ainda jogaremos bola de gude nas ruas de Farias Brito de novo. Bilas Ou bures ? rs rs rs

Abraço,

Dihelson Mendonça

Unknown disse...

Caros conterrâneos, Boa Noite estou do outro lado do mundo, e eu que quando morava em Quixará, o mundo era intransponível, é, nos anos sessenta uma viagem para o Crato de jeep demorava bastante, vcs sabem disto. Meu divertimento predileto era ver os jeeps atolados no Rio Carius, fazia figa para que permanecessem atolados, rsrss. Bem, hoje por circunstâncias da vida estou na Korea, virei mundo já, porem a leitura destas lembranças postadas, me dar animo para seguir em frente, maravilhoso, tivemos infância, jogo de bila,bola de meia,iribusca, futebol... bola, o mundo é uma bola.... hoje vejo aqui do outro lado do mundo comparando com outras tradições e costumes, como foi rico nosso passado. Aqui visitei museus, templos Budistas,lugares... etc. também remei na canoa do Beija, (se não me falha a memória, Beija), gostava de ver a canoa ir e vir, me dava prazer, gostava de pegar, direcionar, remar etc. isto seria um prenuncio de minha profissão? Sou oficial da Marinha Mercante, naveguei em muitos mares, sempre falo para meus pares, os fundamentos básicos da navegação e propulsão adquiri em um rio do Ceará, rsrsrs. Poucos dão importância nos fundamentos básicos da vida, da profissão, etc. Me embeleza ver estes contos dai, com conteúdos, simples, mas a vida é simples, nós que complicamos, admiro os personagens da minha terra, aprendo, continuo aprendendo, saudades do Quixará.

Um forte abraço a todos,
Eldon

Dihelson Mendonça disse...

Meu querido Eldon,

Voltei aqui a ler essa postagem, porque uma prima minha que eu não via há muito tempo me localizou. Estou muito feliz por isso e pelas postagens aí do Elmano e a Sua Também. Aliás, agradeço a sua mensagem sobre meu Pai Damião de Souza lá no meu Blog pessoal.

Suas lembranças foram muito marcantes também. Eu havia me esquecido da famosa "Canoa de Seu Beija". Quando era no "inverno", era uma dificuldade de se atravessar o Rio Cariús, porque tinha aquelas cheias enormes, que vinha água até ali na boca do corredor. Mas eu já atravessei Rio Cariús na Canoa de Seu Beija, e tinha muito medo!

Depois, eu vinha seguindo, no Tum Tum do Seu Antonio Mendonça ( meu avô ) que me carregava, enquanto eu olhava tudo ali de cima, as pessoas pareciam enormes mesmo... Eu acho que tinha 3 anos de idade.

E quem não alcançou aquele corredor de mangueiras que tinha depois do Rio ? Aquilo era obra de Deus aqui na terra. Um silêncio que só era quebrado constantemente pelo canto lindo dos pássaros silvestres que ficavam lá em cima dos pés de Genipapo e das Mangueiras enormes que alguém que visse, jamais imaginaria que aquilo ali iria um dia se acabar.

A própria areia do corredor de mangueiras era abençoada. Era uma areia tão antiga que as folhas das árvores caíam, se fragmentavam, e depois o pó se misturava à Areia, ficando esta uma Areia com cheiro de folhas, que eu adorava apanhar no meu punho. Tempo bom!

E NADA supera a minha lembrança de ir com o meu Avô, de chapéu de palha cortando pelas cercas de arame farpado, pisando em barro, vendo as Imbuás e o cheiro da terra molhada em dia cinzento, frio, que havia chovido de noite. E no Rio Cariús se escutava apenas o canto dos sapos... Bú Bú Bú Bú...e os Vagalumes clareando a noite, além dos candeeiros de querosene, que deixavam a casa com um cheiro característico.

Depois de um dia de chuva, nada melhor do que amanhecer o dia correndo com os moleques, amigos de infância, pegar passarinho, eu vivia cheio de gaiolas, e não podia ouvir o canto de um VimVim ( assim chamávamos os Vem-Vém ). Galo de Campina ( senti agora até o cheiro do pássaro, quando me lembrei ), Rolinha, Canário, Sabiá... tudo isso é muito lindo e faz parte da minha história e memória.

Para os jovens que não presenciaram essas coisas, deve soar tudo estranho, e desinteressante. Mas para quem viveu em Farias Brito nos anos 60 e 70, isso foi maravilhoso!

Eldon, um grande abraço. Não sei como vc foi parar aí na Korea, tão longe da nossa terra. Eu viajei pelo Brasil como músico, mas atualmente estou ambientado em Crato,onde desenvolvo várias atividades.

Abraços

Dihelson Mendonça

Unknown disse...

Caro Dihelson, estou aqui na Korea a trabalho, na cidade de Tongyeong,regiao sul do pais. Trabalho em uma empresa brasileira de navegação marítima, navios de produtos de petróleo e químicos, este navio é de 51.000 tons,vim participar do recebimento do navio no estaleiro que o construiu, o navio fará viagens na costa do Brasil. Daqui para o porto do Rio de Janeiro é aproximadamente 12.000 milhas, levaremos uns 30 dias para atravessar estes mares todos, bem mas pra quem navegou no Rio Cariús, isto é tranqüilo,rsrss. Devo ficar por aqui por uns dois meses. Para quem gosta de peixe e frutos do mar é o local ideal para saborear, ate quem é do mar fica impressionado com a variedade dos pratos daqui,bom tem uma birita a base de arroz que lembra muito a caipirinha. Bem quando for por aí, se o tempo permitir navegaremos no Rio Cariús, por que não uma pescaria?

Abraços a todos,
Eldon