Luiz Domingos de Luna*
Os adolescentes, ao tempo da ditadura militar, sonhavam com a liberdade como um instrumento de auto-afirmação na família, nas comunidades e na sociedade como um todo. Pois, apesar do regime de exceção, a alma do espírito democrático a rondar o inconsciente ou "consciente maturativo". De que algo no espaço social, político precisava ser mudado. Este eixo espiritual não foi destruído pela força de dominação dos militares à época.
A noção de mudança, sempre presente no tecido sociológico brasileiro, a inquietação grassava desde as camadas sociais mais baixas às mais altas – Elites.
O espírito mudancista marcado no meio social em todas as suas arestas, em proporções e intensidades constantes, como uma massa pensamental uniforme e invisível a incomodar o regime de opressão – Uma permanente inquietação.
A entrada no regime democrático um sonho realizado de um povo que não acostomou-se com a mordaça.
A mancha negra do regime de exceção não pode e nem deve ser um trauma para superproteção de crianças, adolescentes, ou mesmo adultos, por algo que não pertence mais ao mundo deles, pois, o relativismo político do estado brasileiro foi incorporado ao Estado Democrático de Direito.
Ao se propalar a superproteção às novas gerações, que vivem a liberdade, ideal sonhado pela anterior, está se criando um grande paradoxo, pois a própria liberdade almejada pela geração anterior não pode ser utilizada como ferramenta egoista, vez que, os pais passam a controlar os passos de seus filhos de forma intensiva, coercitiva desde o nascimento, formando assim, não filhos reais, mais filhos ideais, modelos, referências, projetos, tudo, menos,uma vida autônoma e soberana no espaço tempo.
A vida não pode ser um projeto de vida que não deu certo em um ideal sonhado por outrem, visto cada um, ser único, especial e total. Educação, orientação, sim, porém superproteção nunca, pois a superproteção é apenas um castigo disfarçado.
* Professor – Aurora – Ceará.
* Colaborador do Blog Farias Brito
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