domingo, 9 de janeiro de 2011

NORDESTE, MINHA JERUSALÉM



Meus  Queridos, só quem nunca sentiu saudades não sabe o que significa uma dor infinita. É o tipo de dor que não tem cura. Quanto mais o tempo passa mais aumenta. Se o  oxigénio é o combustível do fogo, a distancia é o que faz a saudade queimar dentro do coração, como um brasa viva, uma  chama de labaredas altas, que tortura sem parar.
O norteste brasileiro é uma coisa muito louca. Ao mesmo tempo que é lindo maravilhoso, um paraíso, também é um inferno. Quando chove o nordeste é um paraíso, mas quando a seca castiga é um inferno. É muito sofrimento, para homens mulheres e crianças.
Mas muito mais para o animais, que morrem de sede e fome. E o pior, é a pergunta que fica na cabeça e no coração deste povo sofredor: Como explicar que na maior parte do país,  as pessoas, as cidades são devoradas com tanta chuva e o nordeste é devorado pela terrível e temida seca?  Será realmente um propósito de Deus? Ou será culpa do próprio homem? Eu não sei. O que eu sei, é que a saudade é algo tão inexplicável quanto a seca no nordeste, porque mesmo com tanto sofrimento, quase todo nordestino, vivendo como ovelhas desgarradas em outras terras, distante da terra natal ainda choram de saudades. Isso me faz lembrar o que falou o Salmista Davi:
Junto aos rios da Babilónia nos assentamos e choramos lembrando-nos de Sião. Porque aqueles que nos levaram cativos, nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: cantai-nos um dos cânticos de Sião.
Mas como cantaremos o cântico do Senhor em terra estranha?
Se eu esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha destra da sua destreza.
Apegue-se-me a língua ao paladar se eu não lembrar de ti, e se não preferir Jerusalém a minha maior alegria. Salmos: 137, 1 ao  6.
Assim sou eu, lembrando do meu sertão, do meu Farias Brito. Por mais que eu seja um vencedor, por mais que minha boca profira cânticos, e meus lábios sorrisos, enquanto o eco de minha voz ecoa por toda pais, o eco dos sons do nordeste eco, e ecoará para sempre em meu pensamento e no meu coração pra sempre.


Francis Gomes


Lembrando as Coisas do sertão

Lembrando as coisas do sertão
E tudo que lá passei
Eu me pus a meditar
Eu me pus a rabiscar
De tristeza eu chorei
       
Lembrando aquele povo simples
Aquela gente tão sofrida
Uma nação sem ter nome
Castigada pela fome
Pela vida esquecida

Lembrando aquele gado magro
Sem ter água pra beber
O que dar mais dó ainda
Perambulando na caatinga
Sem encontrar o que comer

É de cortar coração
O que nosso povo passa lá
Crianças de pé no chão
Pede um pedaço de pão
E seus pais não podem dá.

Onde estão os governantes
Que não olha nosso povo
Passa anos e mais anos
Sai fulano entra beltrano
Nada acontece de novo.

Só resta apelar pra Deus
Senhor de toda nação,
Já que o homem não cuida
Ao menos o Senhor ajuda
Manda chuva pro sertão.





Francis Gomes

3 comentários:

Dr. Aureliano Pinheiro disse...

Parabéns apelo texto e pelos versos!!! Pessoas como vc enriquecem o site de Farias Brito!!!

Celia Augusta Lopes Ferreira - Duquesa do Tipi, Baronesa do Cratinho de Açúcar, Consóror de Honra Efetiva da Confraria Gastronômica do Barão de Gourmandise disse...

Excelente o texto! Estou gostando demais desse site!
E esse texto revela o quanto nós somos fortes, pois superamos as secas e ainda por cima a saudade. cheiros!

Francis Gomes disse...

Sou Nordestino e me orgulho de ser, e agrdeço a todos que comentam os meus textos. Isso mostra que o meu amor pelo nordeste,meu povo e minha cultura não é em vão. Esperem. em breve sairá o meu livro e assim como meu blog, www.poetafrancisgomes.blogspot.com. também será em homenagem a este povo sofrido mas alegre.