Palestra proferida no I Encontro sôbre o Filósofo Raimundo de Farias Brito na cidade de Farias Brito em 20/12/2013
A filosofia deitou no
Ceará raízes profundas, a Terra do Sol teve um filósofo que pode ser
considerado o mais importante, primeiro e mais original dos filósofos
brasileiros, Farias Brito.
Raimundo de Farias Brito (1862 -
1917) nasceu em São Benedito, fez seus primeiros estudos em Sobral, mas com a
seca teve de mudar-se com a família para Fortaleza, onde completou o curso
secundário, além de dar aulas particulares; foi depois ao Recife onde fez o
curso de jurídico na famosa Escola do Recife, onde ensinava Tobias Barreto. Fez
parte de algumas agremiações literárias importantes do final do século XIX no
Ceará, como O Clube Francês, além publicar diversos artigos e poemas em jornais
cearenses como A Quinzena. Após isso regressou ao Ceará onde atuou como
professor em Aquiraz e Viçosa.
Publicou o livro A Finalidade do
Mundo (1895) em três volumes, que é dividido em três partes, a primeira é “a
filosofia como atividade permanente do espírito”, a segunda “os dois grandes
métodos da filosofia moderna” e a terceira “teoria da finalidade”, depois foi
ao Rio e depois ao Pará, atuando como advogado, promotor e professor da
Faculdade de Direito de Belém. Em 1909 vai definitivamente para o Rio de
Janeiro. Ali faz concurso para professor de Lógica, tirando o primeiro lugar,
mas foi preterido por Euclides da Cunha, autor de Os Sertões, tomando posse
após a morte deste, na mesma cadeira no Colégio Pedro II. Farias Brito publicou
ainda A verdade como regras das ações (1905), A Base Física do Espírito (1912)
e O Mundo Interior (1914), além destas restam ainda um volume com seus Inéditos
e Dispersos. Faleceu em 1917.
Farias Brito teve como destino
elevar a especulação filosófica no Brasil a um nível ainda não galgado foi o
primeiro filósofo brasileiro a travar diálogo com os modernos sistemas
filosóficos europeus e ousar uma interpretação própria da realidade contra as
opiniões já reconhecidas. Criticado acidamente por uns e elogiado por outros,
nosso filósofo fez com que a filosofia não se enclausurasse na academia e ao
mesmo tempo não se limitasse apenas ao comentário do que se escrevia na Europa,
contribuindo, mesmo que modestamente, para um filosofar autêntico, o que não
foi empreendido por nenhum de seus críticos.
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